Neuroarquitetura: o que é e como pode estimular o bem-estar?
Os princípios da Neuroarquitetura levam em consideração os elementos da arquitetura e decoração que promovem o bem-estar aos moradores. Saiba mais!
15/10/2020 • 15h12min • EM LIFESTYLE
O que você vai ver neste artigo:
Existem grupos de estudos que trazem explicações biológicas e racionais sobre o porquê nos sentimentos bem, ou não, em um determinado ambiente. Chamada de Neuroarquitetura, a área é relativamente nova e vem ganhando cada vez mais espaço nos projetos de arquitetura no Brasil.
Ela traz um olhar mais humanizado e coloca como prioridade identificar quais são os elementos arquitetônicos ou de decoração que podem promover o bem-estar para os moradores ou frequentadores de um determinado ambiente.
O que é Neuroarquitetura?
A Neuroarquitetura une duas ciências, a Neurociência e a Arquitetura, com o intuito de projetar espaços que promovam a saúde e o bem-estar físico e mental de seus usuários.
Essa área estuda como o ambiente (percepção espacial, luz, cores, temperatura, entre outros) é capaz de influenciar diretamente as reações no cérebro, como alterações no humor e comportamento.
Como surgiu a Neuroarquitetura?
O termo surgiu, em 2003, após a criação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA), em San Diego (Califórnia), com o objetivo de “promover e avançar o conhecimento que vincula a pesquisa em Neurociência a uma crescente compreensão das respostas humanas ao ambiente construído”.
A partir daí, o tema começou a ser difundido nas escolas de arquitetura do mundo todo.
Como fazer um projeto de Neuroarquitetura?
Cada pessoa recebe e decodifica os estímulos do ambiente de forma única, por isso os projetos que seguem os princípios da Neuroarquitetura levam em consideração qual é o objetivo daquele espaço e qual sensação se deseja criar para os frequentadores do local.
Portanto, não há regras, mas apenas determinados aspectos a serem considerados. Aqui estão alguns fatores do entorno físico que são percebidos pelos sentidos e impactam a fisiologia:
• Luz;
• Cor;
• Ruído;
• Cheiro;
• Texturas;
• Tipo de aquecimento;
• Níveis de privacidade (respeito ao espaço mínimo pessoal);
• Proximidades e amplitudes das janelas (por permitir a entrada da luz do sol);
• Ergonomia e disposição dos mobiliários.
O primeiro passo para fazer esse tipo de projeto é ter um estudo sobre o morador. Os arquitetos especialistas na área costumam trabalhar em parceria com profissionais da saúde, como neurocientistas e psicólogos.
A partir dos dados coletados, é possível compreender as necessidades diárias do morador, o impacto de cores, formas e outros elementos que estimulam todos os sentidos. Alguns exemplos:
• Para uma pessoa que tem problemas de insônia, um projeto acústico ajuda a eliminar ruídos que atrapalham o sono.
• Para as crianças, a preparação de ambientes que atendam suas necessidades pode fortalecer a autoestima. Os móveis dimensionados à altura de uma criança, por exemplo, permitem que seus itens de interesse fiquem acessíveis aos seus olhos e às suas mãos, e ajudam a trabalhar a autoconfiança, a independência e o desenvolvimento motor.
A Neuroarquitetura e os cinco sentidos
Sabe quando um cheiro, um objeto ou uma música lembra a casa de alguém? Esse fato tem uma explicação científica. Ele ocorre porque o ambiente é associado à memória afetiva, e os sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) são responsáveis por fixar no cérebro as sensações.
Por isso, é comum relacionar alguma decoração ou um cheiro a um determinado local. O aroma de um bolo, por exemplo, pode trazer lembranças de um momento e, também, detalhes do local onde se teve a experiência, como a cozinha da mãe.
No livro “A Casa Fala - Uma relação de Vida e Amor”, as autoras Maria do Carmo Brandini e Yara Lorenzetti falam que: “reconhecemos o quanto a casa de nossa infância diz sobre nossos propósitos. E como cada casa ou fase da nossa casa expressa etapas da nossa vida. A casa que habitamos revela bem o quanto o externo reflete o interno”.
Dicas para aplicar a Neuroarquitetura na decoração
Com alguns conhecimentos básicos, é possível aplicar os princípios da Neuroarquitetura à decoração da casa. Confira!
Iluminação
As luzes amareladas, por exemplo, deixam o ambiente mais intimista e ajudam a criar uma atmosfera de relaxamento. Neste sentido, as luminárias de cores quentes são boas opções para os quartos e áreas de descanso. Já a luz branca deve ficar em locais que exigem concentração e foco, como o escritório. De dia, é importante dar preferência à luz natural, pois traz conforto e diversos benefícios à saúde.
Leia também:
Como aproveitar melhor a iluminação natural dentro de casa
Natureza
Os elementos naturais são grandes aliados na hora de criar espaços relaxantes. Nas salas e nos quartos, por exemplo, as plantas ajudam a criar esse efeito. Se não for possível ter vegetação, a dica é investir em objetos e imagens da natureza.
Estudos confirmam que ao visualizar vegetação ou madeira as pessoas têm sensação de bem-estar e relaxamento, mesmo que de forma inconsciente.
Organização
A organização dos ambientes é um dos pilares da Neuroarquitetura. Estar em um local limpo e organizado pode ajudar a tranquilizar e organizar os pensamentos.
Objetos que contam sua história
O conceito de lar remete ao local onde uma pessoa vivencia o senso de pertencimento, aconchego e amor. Nesse aspecto, a decoração afetiva se encaixa com a proposta de escolher itens repletos de lembranças e que se conectam com o estilo do morador.
Um exemplo são as peças de identidade familiar: aquelas que são herdadas, como relógios, espelhos e molduras antigas.
Cores
As cores estimulam nosso cérebro de diferentes formas, por isso são parte fundamental na decoração.
Os tons terrosos e quentes, por exemplo, fazem parte de uma concepção que busca aproximação com a natureza, e estão entre as últimas tendências de decoração de interiores.
Conforto acústico
Barulhos e ruídos também são estímulos que impactam nosso humor, por isso o conforto acústico da nossa casa não deve ser ignorado.Cheiro de casa
O cheiro marca muito um lugar. Além de deixar o lar perfumado, a experiência de estar no ambiente se torna mais sensorial. Os difusores de óleo essencial, velas perfumadas e aromatizadores são algumas opções.
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